Se eu pudesse juntar, todos os passos apressados do passado, distraído caminhando sobre estilhaços, de vidas dilaceradas, através de uma grande má sorte, se eu pudesse colar de volta todos os cacos de onde foram tirados, e construir um abraço que pudesse me abraçar forte e com sorte não estaria só.
Se eu pudesse desfazer esse nó apertado das nossas gargantas sufocadas, talvez não morrêssemos com esse choro engasgado, um grito não dado, com uma cara de dar dó.
Talvez não estivéssemos sozinhos acompanhados o tempo todo, fazendo companhia também ao ombro solitário de alguém, tentando manter os olhos onde não podemos ver, guardando apenas o que nos convém.
Se eu pudesse repintar os quadros apagados, talvez tivéssemos memória pra lembrar o que nos foi tirado, por relaxo, ou por destino, onde agora pintamos a imagem de alguém sozinho, em paredes escuras, desnudas, velhas, cegas.
Se eu pudesse caminhar sem os tropeços, contando os passos bêbados, que nenhum lugar nos detém, e ninguém nos têm, pois bem, queremos que nos achem, não queremos achar ninguém.
As sondas perdidas no espaço é o símbolo do nosso desamparo, sufocados, procurando por campos vastos, desesperados pela sombra de alguém.
André Sant.
Ouvindo: Anekdoten – Vemod – Longing.